Trecho da BR-040 em Minas já deveria ter mais 250 km de estradas duplicadas. Melhorias na BR 040 estão paradas, mas pedágio é cobrado desde meados de 2015. Acidentes causaram a morte de pelo menos 42 pessoas na região de Barbacena só nós primeiros sete meses de 2017. População de Correia de Almeida luta pela isenção. Confira.
Das 42 mortos na BR-040 em acidentes no trecho entre Congonhas e Juiz de Fora, 38 pessoas perderam a vida em
áreas de pista simples.
Uma das principais causas de morte nas estradas são as colisões frontais durante ultraagens em pistas simples. Ainda assim, duplicações de rodovias em Minas Gerais parecem não ser prioridade. Nem mesmo a privatização das BRs, com cobrança de pedágio, implica que as obras de melhorias ocorrerão mais rápido. Minas Gerais, só na BR-040, já deveria ter mais 250 km de pistas duplas se fossem respeitados os cronogramas estabelecidos quando anunciadas as concessões no Estado, em 2013. Mas o licenciamento ambiental e liberação de financiamentos estão atrasados.
A BR 040 foi concedida à iniciativa privada há três anos, a empresa começou a cobrar pedágio em 2015, e nada da duplicação deixar de ser uma previsão em contrato para representar segurança no asfalto. Consta no edital que 258 km do total de 557 km de obras seriam entregues no mês de março, no terceiro ano de concessão da BR–040, entre Juiz de Fora, na Zona da Mata, e Brasília.
Pista dupla não tem, mas tem pedágio, com 11 praças cobrando os motoristas há quase dois anos, nessas estradas que ligam Minas a Goiás. E tem acidentes. No ano ado, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF-MG), foram 4.154 ocorrências com 4.258 vítimas feridas e 228 mortes, no trecho mineiro das três BRs concedidas.
Antes de instalar os pontos de cobrança, as concessionárias tiveram que duplicar 10% do previsto no edital. Isso foi feito no primeiro ano de concessão. Havia licença ambiental e verba liberadas. Nos dois anos seguintes, não houve, então, tempo hábil para que o licenciamento no restante da BR–040 fosse aprovado, e faltou ree do financiamento de R$ 7,9 bilhões do BNDES para a Via 040, istrada pela Invepar.
O Banco emprestaria esses valores no longo prazo para que a concessionária executasse a obra. O BNDES não enviou o dinheiro nem respondeu à reportagem. A empresa alega que a receita arrecadada com os pedágios é aplicada na manutenção das rodovias (roçada, recuperação de sinalizações e asfaltos, serviços de atendimento aos usuários), mas não informou os valores comparativos entre receita e custo.
Na BR–040, a dificuldade inclui o licenciamento ambiental, segundo a Invepar. “Os prazos de duplicação am a ser contados após o recebimento da licença”, adiantou. A reportagem enviou mais de 15 e-mails para os órgãos federais que deveriam viabilizar o início da obra, mas não teve retorno sobre previsão de conclusões.
“É possível fazer a compensação ambiental, mas está faltando ação, com certeza existe gente com competência para dar continuidade”, considerou o engenheiro civil Luiz Silva Portela, da Sociedade Mineira de Engenharia. Para ele, falta ainda vontade política e perspectiva de futuro seguro na economia do país para estimular investimentos privados.
Dos 42 mortos em acidentes na região entre Congonhas e Juiz de Fora apenas 4 mortes foram decorrentes de
acidentes em pistas duplas, onde existe a divisão de pista através de um guard rail.
DADOS DA PRF MOSTRAM TRISTE REALIDADE NA REGIÃO DE BARBACENA
Com apoio da equipe de Comunicação da Polícia Rodoviária Federal, realizamos um estudo da violência no trânsito na BR-040 da região próxima a Barbacena. Após pesquisas levantadas no banco de dados da PRF, e que mostra o número de vítimas confirmadas nos acidentes, mas pode aumentar devido aos falecimentos que acontecem posteriormente em hospitais após o atendimento inicial, chegamos ao número de 42 mortes entre janeiro e julho no trecho compreendido entre Congonhas e Juiz de Fora.
A conclusão de que a duplicação e instalação de canteiros centrais e acostamentos na BR-040 é primordial para minimizar o número de acidentes é constatada de forma simples: 90% das vítimas destes acidentes morreram em trechos de pista simples, num total de 38 mortes, contra 4 mortes em acidentes em pista dupla da BR-040 na região.
ACIDENTES DE JANEIRO A JULHO DE 2017 |
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Trecho entre Congonhas e Juiz de Fora |
|||
Tipo de pista |
Km |
Acidentes |
Nº de Mortos |
Dupla |
651,2 |
1 |
1 |
Dupla |
703,4 |
1 |
1 |
Dupla |
704,9 |
1 |
1 |
Dupla |
721,3 |
1 |
1 |
TOTAL ACID. PISTA DUPLA |
4 |
4 |
|
Simples |
606,1 |
1 |
1 |
Simples |
608,0 |
1 |
2 |
Simples |
609,5 |
1 |
1 |
Simples |
612,4 |
1 |
1 |
Simples |
619,0 |
1 |
1 |
Simples |
623,1 |
1 |
2 |
Simples |
632,0 |
1 |
1 |
Simples |
636,0 |
1 |
1 |
Simples |
636,6 |
1 |
1 |
Simples |
650,3 |
1 |
1 |
Simples |
668,1 |
1 |
1 |
Simples |
668,2 |
1 |
1 |
Simples |
686,3 |
1 |
2 |
Simples |
695,7 |
1 |
1 |
Simples |
696,7 |
1 |
8 |
Simples |
739,7 |
1 |
1 |
Simples |
741,1 |
1 |
1 |
Simples |
768,4 |
2 |
10 |
Simples |
769,0 |
1 |
1 |
TOTAL ACID. PISTA SIMPLES |
20 |
38 |
|
TOTAL GERAL NA REGIÃO |
24 |
42 |
Moradores de distrito pedem isenção de pedágio
A população de Correia de Almeida – distrito de Barbacena, no Campo das Vertentes, com pouco mais de 4.000 habitantes – sofre há quase dois anos por pagar R$ 4,80 de pedágio na BR–040 para se deslocar 25 km. No último dia 30, sem quaisquer benfeitorias na pista que aumentasse a segurança dos usuários da via na região e sem realizar as mudanças necessárias para o o ao distrito, a população de Correia de Almeida viu a tarifa de pedágio ser ampliada com autorização da ANTT para R$5,30. A maioria dos moradores de lá trabalha em Barbacena ou necessita vir ao município todos os dias.
“O distrito empobreceu muito com o pedágio, pessoas estão desempregadas, teve um impacto grande para a gente. Estamos lutando pela isenção da cobrança desde 2015”, afirmou o empresário Sebastião Demartino. A obra de modernização que está parada incluiria melhorias nos os perigosos ao distrito. Segundo a Via 040 Invepar, foram feitos estudos para a isenção, mas seria inviável, pois “provocaria o desequilíbrio econômico da concessão”.
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Com informações de Kátia Cilene, Joana Suarez e dados colhidos junto ao setor de Comunicação da PRF.