1y342w

 

11 de fevereiro | Mulheres na Ciência: entre desafios e conquistas, elas seguem abrindo caminhos 12pk



No Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro, destaca-se que, apesar dos avanços na participação feminina na pesquisa, ainda há desafios a serem superados para alcançar a equidade de gênero na área

Fabianne Furtado, Diretora de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do IF Sudeste MG - Campus Barbacena

Mulheres na Ciência: entre desafios e conquistas, elas seguem abrindo caminhos

 

No Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro, destaca-se que, apesar dos avanços na participação feminina na pesquisa, ainda há desafios a serem superados para alcançar a equidade de gênero na área.

Por Alisson dos Santos**

Se em algum momento uma pessoa pede para você citar os maiores nomes da ciência, qual seria a primeira resposta que viria à sua cabeça? Albert Einstein? Isaac Newton? Charles Darwin? A história da ciência, ao longo dos anos, de forma costumeira foi contada através de perspectivas predominantemente masculinas, o que não quer dizer que as mulheres ficaram de fora. Pelo contrário: elas estavam lá o tempo todo, revolucionando diversas áreas do conhecimento por meio da pesquisa - muitas vezes sem o devido reconhecimento.

Por isso, em 2015, a Assembleia Geral da ONU criou o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro. A data surgiu para valorizar a participação feminina na ciência, tecnologia, engenharia e matemática, considerando as barreiras históricas que as mulheres enfrentam para ar e progredir nessas áreas.

De acordo com os dados do Relatório Elsevier-Bori, disponibilizado em 2024, houve uma crescente participação feminina na Ciência. Nos últimos 20 anos, o aumento foi de 29% se tratando de mulheres como autoras de produções científicas. Além disso, os dados apresentaram também que o Brasil ocupa a terceira posição entre os países com maior participação feminina na Ciência, totalizando 49% e ficando atrás apenas de Argentina e Portugal, ambos com 52%.

Para Fabianne Furtado, Diretora de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do IF Sudeste MG - Campus Barbacena, além de professora e pesquisadora, certos espaços que tradicionalmente foram destinados a homens, hoje também contam com a presença de mulheres, mesmo com as barreiras existentes. “Esse crescimento das mulheres na Ciência também é observado em áreas na qual o predomínio dos homens sempre aconteceu, como nas áreas de Tecnologia, Engenharia e Matemática. Todavia, os números indicam também que, com o avanço da carreira, a presença feminina cai. Pode ser um indicativo de que as pesquisadoras com mais tempo de carreira assumem outras funções, para além das acadêmicas, como o cuidado com os filhos e família. Os números são expressivos, mas é preciso apoio e incentivo constante”, afirmou.

No IF Sudeste MG - Campus Barbacena, há um cenário de otimismo se tratando da presença de mulheres em produções científicas. Como foi relatado pela professora Fabianne, “tomando por base os últimos editais de Iniciação Científica (2024 e 2025), a participação das mulheres como orientadoras é de, aproximadamente, 60%. Esse perfil já vem se mantendo há algum tempo. No cargo de Diretor(a) de Pesquisa, dos cinco que tivemos (entre titulares e substitutos) desde a transformação da Escola Agrotécnica em Instituto Federal, três foram mulheres. Assim, no Campus Barbacena, a representatividade feminina vem se estabelecendo”.

Um dos pontos de maior importância para que o cenário e a não ser desigual entre homens e mulheres na Ciência, são ações, tanto no âmbito nacional, quanto internacional, que visam apoiar e estimular a participação feminina, como prêmios do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), L'Oreal-Unesco-ABC e Mulheres na Ciência, este criado em 2024 com o intuito de homenagear pesquisadoras que se destacam na trajetória científica.

“É preciso reconhecer a desigualdade histórica de gênero em todos os espaços, o que recai, obviamente, também no espaço científico, ambiente originalmente muito masculino, além de avançar em ações que estimulem e apoiem o aprofundamento de discussões sobre esse tema e no reconhecimento da atuação científica e de liderança das mulheres.”, afirma a professora.

Para finalizar, Fabianne Furtado faz questão de exaltar duas figuras femininas, Lydia Masako Ferreira e Helena Nader, na qual ela se espelhou e se inspirou enquanto cursava mestrado e doutorado na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Além disso, Fabianne elenca possíveis saídas para que, no futuro, possamos colher frutos produtivos se tratando de equidade entre homem e mulher:

1 - Trabalho de base com meninas da educação básica, mostrando a importância da Ciência, apoiando e incentivando a participação delas em ações relacionadas.

2 - aprofundar as discussões e o desenvolvimento de políticas públicas com ênfase nessa temática.

3 - reconhecimento e divulgação das cientistas para que tenham mais visibilidade e sirvam de exemplo para as meninas.

 Juventude feminina na Ciência: protagonismo e inspiração

Valentina Ferreira sendo entrevistada pela TV Integração sobre o projeto Meninas na Ciência - Foto: BarbacenaMais

Valentina Ferreira, 17 anos, estudante do terceiro ano do ensino médio, é a prova que o interesse pela ciência durante a juventude muitas vezes está relacionado com referências e oportunidades que são encontradas pelo caminho. “Eu sempre tive muito interesse na área de Ciência e desde pequena acompanho os cursos do Dr. Delton lino Mendes. Quando ele me disse sobre o projeto Meninas na Ciência fiquei muito feliz e entusiasmada com essa oportunidade. O ano em que ei no projeto foi de muito aprendizado e fiz diversas amizades com meninas que também tem interesses na área”, declara a estudante.

Meninas da Ciência é um projeto idealizado por Delton Mendes, em Barbacena, que ocorre de 15 em 15 dias, com a proposta de reunir meninas para realizar estudos, rodas de conversa e criação de projetos. Através da experiência adquirida ao longo do tempo, Valentina desenvolveu um olhar crítico a respeito do papel feminino na Ciência.

“É importante lembrar que a ciência possui muitos séculos de história e, na maioria deles, as mulheres foram impedidas de participar, além de terem seus trabalhos sequestrados por terceiros. Desse modo, é muito importante valorizar e apoiar o trabalho científico feminino, pois, apesar de grandes avanços, a esfera acadêmica ainda possui muito preconceito sobre a inserção das mulheres ", afirma.

Na mesma esteira de reflexão da professora Fabianne, Valentina considera crucial a educação emancipadora e a implementação de políticas públicas destinadas à população de modo geral para que haja mudanças efetivas nos rumos da Ciência no país.

“É necessário um incentivo em toda a educação básica para estimular o pensamento científico voltada para meninas. Além disso, mudanças na esfera social das Instituições educacionais também são necessárias, como o combate ao assédio moral e sexual, além de programas de incentivo financeiro para as mulheres na Ciência.” finaliza a estudante,

que se inspira em grandes referências da pesquisa científica, como Rosalind Franklin, Marie Curie e Débora Menezes, nas quais os legados que foram deixados fazem com que ela se mantenha firme no caminho das produções científicas.

 *Legenda da foto: Reprodução Bori Agência

*Alisson dos Santos, natural de Barbacena, é jornalista formado pela Universidade Federal de São João del-Rei. Apaixonado pela cultura popular brasileira, dedica-se a temas que exploram a riqueza cultural do país. Entusiasta da música popular brasileira, esportes e literatura, busca, em sua trajetória, unir informação e arte para promover diálogos que valorizem a identidade e a diversidade nacional.

 

LEIA TAMBÉM:

Siga o BarbacenaMais no Instagram X Facebook


Imprimir  







Facilidades 5f1q16