Perdas de um lado, recordes e expansão do outro.
Nesta semana, balanço do Ministério da Agricultura mostrou que, em janeiro, as exportações do agronegócio mineiro bateram recorde, repetindo o que se registrou no acumulado do ano de 2021. Apenas no primeiro mês do ano, as vendas externas do setor somaram US$ 870 milhões, com crescimento de 49,9% em relação ao mesmo mês do ano ado e correspondendo a 10% da exportação nacional de produtos agropecuários. O desempenho foi puxado, principalmente, por um aumento médio de 33% nos preços, já que, em volume, o crescimento foi de 12,2%.
A alta nas cotações explica também o ótimo desempenho registrado no ano ado, quando se alcançou o valor recorde de US$ 10,5 bilhões nas vendas do agronegócio, com crescimento de 20,24% sobre 2020, mas com queda de 2,1% no volume embarcado. Mesmo que puxado pela alta dos preços, o desempenho mostra a pujança do setor em Minas, que vem obtendo mais o aos mercados externos, acompanhando também os esforços do governo de Minas para ampliar a pauta de exportações do Estado.
Café, soja e derivados, carnes e produtos do setor sucroalcooleiro (açúcar, álcool e outros) permanecem na liderança entre os mais exportados, mas o crescimento da demanda e o aumento dos preços indicam também espaço para produtos apícolas, lácteos, frutas e a tradicional cachaça mineira. Em outras palavras, os tempos são favoráveis aos produtores e aos setores mais estruturados, organizados em cooperativas ou agregados de alguma forma à cadeia do agronegócio.
Se, de um lado, o momento é de recordes e expansão, de outro é tempo de contabilizar perdas e trabalhar pela recuperação. As chuvas que atingiram algumas áreas de Minas Gerais em dezembro do ano ado e janeiro deste ano provocaram perdas de, pelo menos, 119 mil hectares de cultivo, conforme levantamento da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (EMATER - MG). A maior parte do prejuízo se deu na produção de grãos e de hortaliças, sendo que 127 mil produtores sofreram algum tipo de impacto.
Para o consumidor, as perdas se transformaram em menos qualidade e preços mais altos nos sacolões e feiras. Pesquisas divulgadas no mês ado mostraram aumentos que vão de 25% a mais de 500% no valor cobrado pelos hortifrutis, contribuindo para o aumento da inflação e diminuição da diversidade de alimentos à mesa.
Tive a oportunidade de participar de uma reunião de trabalho do programa Ajuda Minas, promovido pela Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), na qual foram debatidas medidas concretas para apoiar a retomada do setor. É necessário, por exemplo, investir na recuperação e ampliação da infraestrutura, estradas, principalmente na renegociação de dívidas e oferta de crédito, bem como na assistência técnica para o replantio e estratégias de prevenção contra perdas futuras. O socorro é urgente, especialmente para os pequenos produtores e para a agricultura familiar, que respondem pela maior parte da alimentação dos mineiros e brasileiros.
Independentemente do porte, do segmento e do momento vivido, de comemoração ou de recuperação, fica mais uma vez evidente que a produção agropecuária mineira é pujante e fundamental para a economia e para a segurança alimentar da população. Que novas iniciativas se somem às ações que o governo estadual vem executando, tanto pela diversificação da pauta de exportações quanto de socorro aos produtores. Quando há estímulo, a resposta do campo é sempre positiva!