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O articulista, economista e escritor Silvério Ribeiro comenta sobre o complicado tema da Economia, e convida os leitores a divagarem ela, um dos mais importantes assuntos do momento e um verdadeiro terror nas discussões políticas.

 

OPINIÃO

Economia é assunto complicado

 

Por Silvério Ribeiro

 

Não é a primeira vez, quando estou conversando com um político e o assunto é economia, num determinado ponto do diálogo o interlocutor me diz: economia é assunto muito complicado!

A maior parte do meio político tem aversão à economia.

Sabem por quê?

Dá trabalho, necessita de estudo e é uma matéria exata.

Não existem meios números, não é possível com palavras aumentar a produção, nem conceber leis que paguem juros aos bancos.

Dinheiro é dinheiro!

Palavras, o vento leva...

As patéticas declarações da presidente da República em relação à atual situação econômica do Brasil dizem tudo. Ela definitivamente não sabe do que está falando, apenas tentando usar frases de efeito para ocultar a realidade desastrosa da economia brasileira. Nem sequer, construir frases de efeito ela consegue. Mas, vamos deixar a presidente de lado, não será ela quem vai resolver nossos problemas, quando sempre, no Brasil, não apenas a atual presidente é uma das causas do problema. Todos os presidentes brasileiros foram um problema para a economia.  O poder central no Brasil, ou seja, o governo federal, desde a proclamação da República é o verdadeiro responsável pelos nossos mais complexos problemas econômicos. Gasta demais!

O livro de cabeceira número 1 para qualquer homem público deveria ser, “A Riqueza das Nações” do filósofo e economista escocês Adam Smith (1723-1790). Este livro publicado em 1776 não vende ilusões. Duzentos anos após a sua publicação, ainda é o melhor compêndio para que alguém possa compreender em detalhes o capitalismo. Mas, é uma obra maçante, que beira a novecentas páginas, que apesar da linguagem até certo ponto muito ível ao leitor, por possuir reduzidos termos técnicos em comparação à enxurrada de obras econômicas existentes, mesmo assim é uma leitura muito cansativa, para ser executada durante meses.

“A Riqueza das Nações”  foi dividida por Smith em cinco livros, o primeiro discute os problemas associados à divisão do trabalho e as trocas, o valor e os preços, sobre o dinheiro e os rendimentos. O 2º livro discute a acumulação de capital. No 3º livro o autor trata de questões associadas ao desenvolvimento econômico, este livro, o que aprecio mais. No 4º livro, Smith faz uma resenha crítica às escolas de pensamento econômico no século XVIII e no 5º livro o autor apresenta proposições sobre a receita pública e as responsabilidades do Estado.

Quando fiz faculdade tive o sofrimento, não por indicação de professores, mas por opção de autoconhecimento realizar a leitura de obras clássicas, empreender a dolorida leitura de “A Riqueza das Nações” concluída ao fim de quatro meses. No início algo difícil de entender, depois compreensivo e ao longo de todos os livros de Smith, o esclarecimento de como funciona o capitalismo. Não há dúvidas como funciona o capitalismo, para quem lê Adam Smith.

Mas, o martírio não podia ter fim. Afinal, resolvido a estudar economia, iniciei outras leituras de clássicos. Se havia concluído a leitura de “A Riqueza das Nações” busquei forças resolutas para aplicar meus estudos na leitura de “O Capital” do filósofo alemão Karl Marx (1818-1883), nada melhor, para quem havia lido Adam Smith, buscar conhecimentos na crítica ao liberalismo econômico. Deus me livre! Se não bastasse o martírio na leitura de “A Riqueza das Nações”, me veio aos olhos uma teoria econômica mais maçante ainda! Apesar de conter pelo menos metade das páginas de Smith, “O Capital” é uma obra de desconstrução do capitalismo, uma espécie de terror inverso da teoria econômica, o reverso do que é para o que não tem condições de ser. A leitura de Marx se torna confusa ao longo da obra “O Capital”, porque propôs o que não existia e diversas vezes deturpou o que era real. Pura utopia! Creio daí, derivado os sonhos do marxismo, sempre envoltos em ideais, mais palavras do que prática. O ideal comunista não coaduna em nada com a realidade capitalista do mundo, por isto o choque inevitável entre o que é real e o que é palpável, frente ao que é impossível ser implantado na vida social e econômica do mundo.

Concluída a leitura das duas bases clássicas, a antítese entre Marx e Smith que, apesar de enfadonhas, merecem o estudo de qualquer pessoa que queira entender realmente a economia no mundo, inclusive para compreender todas as obras que partiram destas duas iniciais e, melhor ainda, contestar a enxurrada de bobagens que pseudo estudiosos de economia publicam, principalmente nas redes sociais.

Mas, evidente que existiram estudos econômicos antes de Smith e Marx, ou você ainda faz parte daqueles que acham que economia começou a ser estudada somente no século XVIII?

 Indico ao corajoso estudioso que queira aprofundar no assunto, ler “Obras Econômicas” do britânico William Petty (1623-1687), tributação e monopólio são as suas especialidades e quejandos atuais de economia, não eram para ele segredo algum, nem a famigerada taxa de juros, quando advertiu a inocuidade das tentativas de controle da taxa de juros como parte de medidas governamentais anti-inflacionárias! Isto estudado e escrito no século XVII. O índice do livro de Petty enumera causas que tornam a tributação incômoda:

“Primeiro, quando o Soberano tributa demasiadamente

Segundo, quando os lançamentos são impostos desigualmente

Terceiro, quando os dinheiros são gastos improficuamente, ou

Quarto, dados aos favoritos

Quinto, a ignorância do número, comércio e riqueza do povo

Sexto, a obscuridade sobre a autoridade de tributar

Sétimo, a pequenez do povo

Oitavo, a escassez do dinheiro e a confusão de moedas.”

O texto acima, escrito há trezentos anos, mais próximo de nossa realidade, impossível !!!

Para encerrar o pesado papo econômico, proponho ao leitor estudar os escritos de John Stuart Mill (1806-1873) filósofo e economista inglês autor de “Princípios de Economia Política”, escrito em 1848, um dos compêndios econômicos ou políticos mais importantes da metade do século XIX. Há uma consolidação do pensamento econômico clássico – todas as escolas econômicas até o século XIX estão nele presentes: Smith, Ricardo, Say, Fisiocracia e Mercantilismo. Stuart Mill, um dos pensadores liberais mais influentes do século XIX, foi um defensor do utilitarismo, a teoria ética proposta inicialmente por seu padrinho filosófico Jeremy Bentham.

Bentham (1748-1832) foi um filósofo e jurista inglês e um dos últimos iluministas a propor a construção de um sistema de filosofia moral, não apenas formal e especulativa, mas com a preocupação radical de alcançar uma solução prática exercida pela sociedade de sua época. As propostas têm, portanto, caráter filosófico, reformador, e sistemático.

O utilitarismo é uma teoria ética normativa que se objetiva a responder todas as questões acerca do fazer, istrar e viver em termos da maximização da utilidade e da felicidade. Ou seja, para ele, as ações devem ser analisadas diretamente em função da tendência de aumentar ou reduzir o bem-estar das partes afetadas. E teria, ainda, buscado a extensão deste utilitarismo a todo o campo da moral, do direito, da economia e da política.

Ei, pára tudo!

Eu escrevi lá no início do artigo que economia é razão!

Que dinheiro é dinheiro e que palavras, o vento leva...

Agora, pouco antes do fim do artigo o assunto econômico se mistura com um assunto filosófico?

Sim, caro leitor, o estudo econômico se liga à filosofia, à política, ao direito, enfim, à sociedade.

Demonstrei em poucas linhas a aventura que empreendi na época da faculdade, há vinte anos, na sanha de buscar conhecimento. Tive contato com livros maravilhosos que abriram minha mente para o mundo, em especial, para os assuntos relacionados à economia. O primeiro pensamento que tive na faculdade foi aquele demonstrado nos primeiros parágrafos do artigo, que dinheiro é dinheiro e que palavras, o vento leva...

Não parei mais de ler e escrever palavras.

Mas, algumas palavras sempre me chamam a atenção, em todos os estudos que realizo:

Liberdade, felicidade e democracia.

No ainda frequente estudo sobre economia  busco equilibrar o racional com esses preceitos de busca da felicidade, que todos os homens foram criados iguais e que possuem o direito inalienável à sua liberdade física e intelectual. A teoria tem o seu lado perverso, as palavras gravam sentimentos e constatações científicas que se misturam a ideologias e aos invariáveis desejos de poder.

E, uma das mais antigas táticas do jogo do poder é manter o povo na ignorância.

Economia é assunto que a maior parte do povo desconhece por completo.

Realmente, economia é assunto complicado, mas não impossível.

Vamos estudar?


 

 

 

Silvério Ribeiro

 

Professor e Pesquisador. Graduado em istração de Empresas e Pós-Graduado em Docência Superior. Autor de História Econômica do Município de Barbacena.

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