O que ocorre é que, vistos da Terra, eles parecerão estar organizados de maneira especial no céu, proporcionando um espetáculo astronômico para observadores mais atentos.

Além disso, o fenômeno não é tão raro quanto parece. Em 20 de agosto de 2025, uma configuração semelhante ocorrerá antes do amanhecer, com Mercúrio, Vênus, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno visíveis. E desta vez, Mercúrio estará mais fácil de observar. Já uma tão parecida com a de hoje, somente em 2040.

Entenda mais abaixo em 6 tópicos: 

Este fenômeno é resultado da formação do nosso Sistema Solar. Todos os planetas, incluindo a Terra, orbitam o Sol em um plano aproximadamente comum, conhecido como plano da eclíptica. Esta configuração é uma consequência do colapso inicial da nuvem de gás e poeira que deu origem ao sistema de corpos celestes.

Devido a essa disposição orbital, há momentos em que vários planetas aparecem próximos uns dos outros no céu noturno, quando vistos da Terra. No entanto, é importante entender que os astros NÃO estão realmente alinhados no espaço tridimensional.

"Se isso fosse realmente o caso, ao olharmos da Terra, veríamos os planetas bem próximos uns dos outros no céu", diz Josina Oliveira do Nascimento, astrônoma no Observatório Nacional (ON).

E a razão pela qual esse "desfile" não ocorre constantemente está relacionada às diferentes velocidades orbitais dos planetas. Cada planeta tem seu próprio período de translação ao redor do Sol, variando de 88 dias terrestres para Mercúrio até 165 anos para Netuno.

Essas diferenças nas velocidades orbitais fazem com que os planetas alternem suas posições relativas ao longo do tempo, ocasionalmente resultando em configurações onde vários deles ficam visíveis simultaneamente em uma mesma região do céu.

O melhor momento para observar é cerca de 30 minutos após o pôr do sol, quando o céu ainda não está completamente escuro.

No entanto, a janela de observação é curta, já que Vênus, Saturno e Netuno descem rapidamente no horizonte e desaparecem da nossa visão após alguns minutos.

O melhor lugar é aquele que oferece uma visão clara do horizonte OESTE, longe da poluição luminosa das cidades. Um local aberto, sem obstáculos como prédios ou montanhas, é ideal. Quanto mais livre de poluição luminosa for o local, melhor será a observação.

Além disso, o céu precisa estar limpo, sem muitas nuvens, para que seja possível ver os planetas com mais clareza logo após o pôr do Sol.

Alguns planetas serão fáceis de identificar, mas outros exigirão um pouco mais de paciência.

Vênus e Saturno estarão muito próximos no céu, o que pode dificultar a distinção entre eles, enquanto Urano e Netuno, por serem muito distantes, precisarão de telescópios para serem vistos com clareza.

Mercúrio também pode ser um desafio, pois aparece próximo ao Sol e fica visível apenas por um curto período.

📱 Para quem prefere usar o celular, aplicativos como Star Walk 2 e Stellarium Mobile (disponíveis para Android e iOS) permitem apontar a câmera para o céu e identificar rapidamente os planetas e constelações.

Mas o ideal mesmo é procurar um local com horizonte livre e pouca poluição luminosa.

5. Preciso de algum equipamento especial para observar o fenômeno?

Depende do que você quer ver. Vênus, Marte e Júpiter serão facilmente visíveis a olho nu, e em boas condições, Saturno também pode ser identificado sem dificuldades. No entanto, Urano e Netuno estão tão distantes que exigem telescópios para serem observados com algum detalhe.

Para enxergar Urano, por exemplo, um telescópio com pelo menos 50 vezes de ampliação já pode revelar um pequeno disco azulado. Já para Netuno, que está ainda mais longe, será necessário um aumento de pelo menos 150 vezes para distinguir sua coloração azulada.

Por isso, quem tiver um telescópio em mãos pode aproveitar para apontá-lo para Saturno — com apenas 25 vezes de ampliação, já é possível ver seus famosos anéis.

Mas além do equipamento, a escolha do local faz toda a diferença. Para uma visão mais nítida, o ideal é fugir da poluição luminosa das cidades. Mesmo áreas suburbanas podem ter luzes demais, então, se possível, vale considerar um deslocamento para regiões mais afastadas, com céu limpo e horizonte desobstruído.

6. O próximo desfile do tipo vai ser somente em 2040?

Josina diz que a visibilidade de vários planetas no céu ao mesmo tempo não é algo tão raro, pois Mercúrio e Vênus costumam aparecer antes do nascer do sol ou depois do pôr do sol, e planetas mais distantes, como Urano, Netuno, Júpiter e Saturno, permanecem visíveis por mais tempo.

Ela cita, como exemplo, o dia 1º de setembro de 2024, quando foi possível ver seis planetas no céu antes do nascer do sol.

Fora isso, em agosto de 2025, por volta do dia 20, haverá uma configuração semelhante, com Mercúrio, Vênus, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno visíveis antes do sol nascer, sendo que Mercúrio terá uma visibilidade melhor do que atualmente.