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Embora tenha-se falado muito da ocorrência de microcefalia em associação com o zika vírus, estes casos também podem estar ligados a desde doenças genéticas até fatores ambientais, entre outros. LEIA MAIS... 

SAÚDE

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Por Flávia Siqueira Pedrosa

 

O aumento dos casos de microcefalia, principalmente na região Nordeste do Brasil, alertou a população para a anomalia, até então desconhecida por grande parte dos brasileiros. O Ministério da Saúde decretou estado de emergência em todo o Brasil por conta do aumento nos casos de microcefalia.

Com a confirmação do Ministério da Saúde sobre a ligação da condição com o zika vírus, como principal hipótese para o aumento do número de casos no Nordeste brasileiro, cresceu o receio de que o surto possa ocorrer em outras regiões do país, como já vem ocorrendo em São Paulo, e até mesmo em outros países afetados pelo vírus, transmitido pelo mesmo vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti.

Embora tenha-se falado muito da ocorrência de microcefalia em associação com o zika vírus, estes casos também podem estar ligados a desde doenças genéticas até fatores ambientais, como sangramentos, uso de substâncias químicas durante a gestação, contato com radiação, infecções por bactérias, vírus ou parasitas, hipertensão, herpes, entre outros.

A microcefalia é uma condição neurológica considerada rara, onde a cabeça da pessoa é menor, quando comparada a outra da mesma idade. Crianças com microcefalia podem apresentar atraso global no desenvolvimento psicomotor, que podem ser amenizados através de estímulos como fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e pedagogia por exemplo.

Em todos os casos, há uma má formação do cérebro, que não se desenvolve normalmente. O crânio não tem seu crescimento estimulado, e a criança nasce com o perímetro da cabeça menor do que a média. O crânio de um bebê nascido após nove meses de gravidez tem pelo menos 34 centímetros de perímetro. Para crianças prematuras, os valores podem variar.

Para Daniela Lucas Evangelista Siqueira, enfermeira, o fato de a condição estar sendo investigada auxiliará tanto a famílias que tem pessoas diagnosticadas com a microcefalia, quanto profissionais da área de saúde, a detectar o quanto antes a anomalia. Daniela é mãe da pequena Marília, de 04 anos, que foi diagnosticada no segundo mês de vida com a microcefalia, e conta que até vivenciar isto em sua própria família, não tinha conhecimento da condição.

“Nenhuma pessoa com microcefalia é igual a outra. Cada uma responde de forma particular aos estímulos, por isso devemos ter cuidado com os conceitos aplicados a microcefalia. Não acredito que a condição seja gravíssima em todos os casos. Conheço casos em que a criança possui apenas baixa visão, casos em que a criança apresenta apenas atraso motor, no caso da minha filha o atraso é global (motor, fala e cognitivo), mas com os estímulos ela tem se desenvolvido muito bem, sempre apresenta respostas adaptativas para a sua condição. Hoje com 04 anos, compreende o que falamos com ela, balbucia dando indícios de que sua fala está se desenvolvendo, engatinha, fica de pé, senta-se sozinha e anda com apoio. Ao contrário do prognóstico médico de quatro anos atrás, que nos garantiu que ela vegetaria”, relata.

A enfermeira acredita também, que agora que a microcefalia é assunto dos noticiários nacionais, haverá mais informações sobre outros casos, não reportados às Secretarias de Saúde nos estados. Um exemplo dado por ela é o da própria filha, que não faz parte da estatística em Minas Gerais, tendo sido diagnosticada fora da maternidade pela pediatra que a acompanha. Segundo Daniela, assim como o caso de Marília, muitos outros casos também não foram notificados. “O que ocorre, em minha opinião, é que os profissionais não estão preparados para este tipo de diagnóstico; primeiramente porque microcefalia não é doença e sim, uma condição, segundo porque não existe na literatura científica uma vasta explanação sobre o assunto, logo, não há estudos para o caso e talvez por esse motivo seja tratado como raríssimo. Na realidade, a microcefalia não é tão rara quanto parece, mas tornou-se conhecida a partir da infecção pelo zika. São diversas as condições que podem levar o feto a ter microcefalia, até mesmo após o nascimento, o bebê pode ter complicações que desenvolva a condição. No meu caso, foi hipertensão gestacional não diagnosticada. Portanto, eu acredito que na realidade exista uma subnotificação por conta do desconhecimento e que agora diante dos fatos e com a microcefalia em foco, os profissionais melhores treinados para detectarem a condição, arão a notificar as Secretarias de Saúde, bem como melhorarão a abordagem feita durante as consultas. Com isso, o número de casos tenderá a aumentar em todo o país, e não será apenas por conta do vírus zika, mas o reflexo de um melhor preparo dos profissionais para a microcefalia e então perceberão que ela não é tão rara quanto se fala e as crianças não estão fadadas a uma vida restritiva como afirmam”.

Daniela alerta para o cuidado que se deve ter em relação à divulgação deste tipo de notícia. “Atualmente a microcefalia tem sido tratada como uma anomalia gravíssima pela mídia, e não é esta a realidade. Assim como outras condições, existem os casos graves e os casos mais brandos. A Marília é um exemplo de microcefalia branda, tem uma boa saúde e leva uma vida normal, vai à escola e frequenta outras atividades para auxiliar em seu desenvolvimento, como fonoaudióloga, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, natação e equoterapia”.

Muitas são as atividades que podem ser realizadas no apoio ao desenvolvimento da criança com microcefalia. Na Terapia Ocupacional, os atendimentos enfatizam estimular regras limites e tolerância perante as atividades, atenção, concentração, compreensão e execução de ordens simples, equilíbrio estático e dinâmico, coordenação motora, interação com os objetos propiciando o brincar como funcionalidade e incentivo a comunicação verbal, visando melhorar as habilidades desta criança.

 

Marcela Louvera, terapeuta ocupacional, explica que “a Terapia Ocupacional utiliza como ferramenta a integração sensorial para intensificar a reabilitação da criança de um modo lúdico, ressaltando o sistema vestibular para ganho de equilíbrio. É função do terapeuta ocupacional dar apoio às famílias, promover o envolvimento, a independência e a competência da criança, assim como estimular e apoiar a capacidade social da criança, proporcionar experiências de vida normais e prevenir a emergência de problemas ou alterações futuras”.

Marília, hoje aos 4 anos, foi diagnosticada com microcefalia aos 2 meses. Em relato, os pais contaram como acontece o desenvolvimento da criança.


Flávia Siqueira

 

 

 

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