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Funed desenvolve toxina a partir do veneno de cobra para tratamento do estrabismo 683g71



Substância existente em abundância no Brasil pode dar origem a medicamento. Objetivo é a oferta gratuita do remédio pelo SUS. Leia mais.

 

FUNED

FUNED desenvolve toxina a partir do veneno de cobra para tratamento do estrabismo

 

Pesquisadores da Fundação Ezequiel Dias (Funed) trabalham na pesquisa de uma toxina, extraída do veneno da cascavel, denominada Crotoxina, que pode dar origem a um medicamento que combate o estrabismo. O objetivo do estudo é contribuir para melhorar a qualidade de vida de pessoas estrábicas, com a possibilidade de ofertar tratamento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Estruturada pelo ex-doutorando da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o oftalmologista Geraldo de Barros Ribeiro, em 1997, a pesquisa conta hoje com a participação de quatro pesquisadores, além de outros profissionais da Funed.

O projeto avança na busca de alternativas para o tratamento da doença, feito hoje a partir da aplicação da toxina botulínica, o Botox. Ele foi retomado em 2013, por meio do Programa de Incentivo à Inovação (PII) do Sebrae-MG, em parceria com a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (Sectes).

“Não é recente este trabalho, todavia, estava um pouco parado. Com o PII podemos retomar a pesquisa e colher resultados muito interessantes”, afirma a farmacêutica e pesquisadora da Funed, Ana Elisa Ferreira. Diante dos resultados, a pesquisadora garante que a aplicação da Crotoxina tem ação semelhante à do popular Botox.

Ao ser aplicada, a Crotoxina age como um bloqueador neuromuscular, o que causa paralisia transitória do músculo e, consequentemente, um relaxamento muscular parcial. Para o tratamento do estrabismo, esse efeito é importante por ajudar na restauração do equilíbrio dos músculos que controlam o movimento dos olhos.

Além do mais, a toxina pode até ser usada em casos em que a pessoa cria anticorpos que combatem o Botox, fazendo com que ele pare de ter efeito no tratamento.

Outro fator positivo está relacionado à duração dos efeitos da aplicação da Crotoxina. “Diante dos testes, percebe-se que os efeitos parecem ser mais duradouros, o que torna as aplicações menos frequentes, contribuindo para a redução do número de aplicações ao longo do tratamento”, afirma Ana Elisa.

 

Busca por investidores

Ao ser produzido a partir do veneno da cascavel, animal que tem grande incidência no Brasil, o medicamento poderá apresentar baixo custo e garantir tratamento a um maior número de pacientes.

“As condições são favoráveis, pois além de ser facilmente encontrada no país, a matéria-prima (veneno da cascavel) poderá ser tratada por uma das entidades que mais dominam a técnica de purificação do veneno para a obtenção da Crotoxina, a Fundação Ezequiel Dias”, comemora a pesquisadora.

Com este cenário, os cientistas estão em busca de investidores e financiamento de diversos órgãos para a continuidade do projeto. “Temos grande expectativa de entrar no SUS com o medicamento, mas para isso é preciso dar seguimento à pesquisa com a realização dos estudos não clínicos, e futuramente com os exames em humanos”, afirma Ana Elisa.

 

A doença e o tratamento

Para que a visão seja prefeita é preciso que os olhos estejam alinhados. Quando as pessoas são acometidas pelo estrabismo, os olhos perdem o equilíbrio e a sincronia, o que afeta o paralelismo entre os dois olhos. Esse paralelismo é mantido pelos músculos que prendem o globo ocular, e são esses músculos que a são alvo da ação da Crotoxina.

O tratamento do estrabismo pode ser feito de maneiras diferentes, seja com intervenções cirúrgicas como também pela aplicação das injeções de Botox. Com a Crotoxina, a rotina do tratamento seguirá o mesmo parâmetro e as aplicações serão feitas conforme a necessidade de cada paciente. “O tratamento irá respeitar as necessidades dele até que o músculo aprenda a funcionar sozinho”, afirma Ana Elisa.

Com este procedimento, o paciente não precisa faltar ao trabalho e nem gastar grandes quantias com internação, uma vez que a aplicação do produto é simples e rápida. “O estrabismo pode acabar e a pessoa voltará a ter uma vida normal, sem a vergonha eventualmente causada pela presença da doença”, conclui a pesquisadora.

 

O que é o PII

O Programa de Incentivo à Inovação (PII) estimula a criação de tecnologias, produtos e processos inovadores para o mercado a partir do conhecimento gerado nas instituições de ensino. Em nove anos, 15 programas já foram realizados no Estado, com 280 projetos de pesquisa selecionados e publicados.

Até 2014, o programa teve investimento de cerca de R$ 23 milhões, captados de órgãos de fomento, investidores, venda de patentes e transferência de tecnologia.

Desde quando foi apresentado aos pesquisadores da Funed, em 2013, o PII já beneficiou 17 projetos da instituição, entre eles, a pesquisa liderada pela farmacêutica Ana Elisa Ferreira. Todos receberam recursos para a construção de protótipos e para o desenvolvimento de plano de negócio.


 

Crédito (foto): Divulgação/Funed

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