Menina Laryssa K. Nascimento está perdendo a visão e precisa de uma intervenção cirúrgica o mais breve possível. A mãe Jozinha Nascimento idealizou com Fernanda Baêta uma rifa para angariar fundos. Saiba mais...
A cabeleireira Jozinha Nascimento, moradora do bairro Santo Antônio, deu início nesta semana a uma campanha para arrecadação de fundos para o tratamento de sua filha Laryssa K. Nascimento, que foi diagnosticada com Ceracotone (saiba mais sobre a doença ao final da matéria).
Larissa está há mais de um ano entrando e saindo de consultório oftalmológico em busca da cura para sua doença. No mesmo dia em que foi diagnosticada com Ceratocone, o médico explicou à mãe que quando ela completasse 15 anos poderia ser realizada uma pequena cirurgia. No entanto, ao longo dos últimos meses a doença avançou rapidamente,e, segundo a mãe, por erro do médico que deveria logo seguido ao diagnóstico ter colocado uma lente para estabilizar a doença, Larissa perdeu uma visão.
Cinco especialistas já analisaram o caso de Laryssa, e agora, a menina precisa de dois transplantes para que possa continuar enxergando. Apesar dos pedidos médicos pedindo urgência no atendimento de Larissa pelo SUS, a mãe acabou se vendo obrigada a entrar com uma ação junto à Promotoria de Saúde de Barbacena para tentar obter as autorizações necessárias para que ela fosse tratada pelo SUS. Com apoio da Defensoria Pública e do Ministério Público, Larissa hoje está amparada pela justiça, apesar de que a luta ainda não definiu junto às autoridades de saúde municipais a liberação para que a menina iniciasse seu tratamento.
Hoje, Laryssa está numa fila aguardando tratamento, e enquanto isso a doença vai avançando e as chances de Laryssa vão diminuindo dia após dia. Empenhada em salvar a visão de sua filha, Jozinha resolveu iniciar uma campanha para arrecadar os fundos necessários para que a filha possa ser submetida aos transplantes. Em paralelo, ela e seu marido estão, com muita dificuldade, custeando todos os exames necessários numa tentativa de agilizar o máximo possível o processo de transplante, mas mesmo assim, o custo da cirurgia é muito alto e está além das possibilidades da família.
"O SUS cobre a cirurgia para resolver a Ceratocone em Laryssa, no entanto, ela não tem mais tempo de aguardar. Já perdeu uma vista e a outra, segundo os especialistas, já está ficando muito debilitada. A Laryssa não tem o tempo que o SUS gasta, e eu, como mãe, não posso assistir os sonhos de minha filha serem desfeitos a cada dia que a doença avança e ela perde o que lhe resta de uma vista. Por isso eu peço aos amigos e pessoas sensíveis que me ajudem a juntar o dinheiro para a cirurgia", nos conta emocionada Jozinha.
AÇÃO ENTRE AMIGOS
Sensibilizada com a situação da colega de profissão e amiga, a cabeleireira Fernanda Baêta foi quem deu a ideia de fazer uma rifa para ajudar na arrecadação de fundos para a cirurgia. Juntamente com o fotógrafo Muniz França, Fernanda Baêta está oferecendo como premiação da rifa uma produção de cabelos e make-up para um ensaio de fotografias assinado por Muniz. O sorteio acontecerá no dia 9 de outubro no salão da hairstylist Fernanda Baêta, mas Laryssa precisa de ajuda o mais breve possível.
As rifas já estão comercializadas ao preço de R$10,00 o bilhete e podem ser adquiridas nos seguintes postos de venda:
- Salão Fernanda Baêta
- Padaria Líder
- Ou entre em contato através do telefone (32) 98815-3779.
O QUE É A CERATOCONE
O ceratocone é um distúrbio chamado distrofia contínua e progressiva, que ocorre na córnea com afinamento central ou paracentral, geralmente inferior, resultando no abaulamento anterior da córnea, na forma de cone. A apresentação é geralmente bilateral e assimétrica.
Trata-se de condição rara, encontrada em todas as raças, nas diferentes partes do mundo, com prevalência que varia de 4 a 600 casos por 100.000 indivíduos. História familiar está presente de 6 a 8% dos casos, sugerindo herança familiar. Seu aparecimento mais comum ocorre na puberdade, geralmente entre os 13 e os 18 anos de idade, progride por aproximadamente 6 a 8 anos e, após, tende a permanecer estável.
O ceratocone pode estar associado a doenças sistêmicas como as síndromes de Down, Turner, Ehlers-Danlos, Marfan, além de atopias, osteogênese imperfeita e prolapso da válvula mitral. Condições oculares às quais pode estar relacionado são a ceratoconjuntivite vernal, aniridia, amaurose congênita de Leber e retinose pigmentar. O paciente pode relatar mudanças frequentes na prescrição de óculos ou diminuição na tolerância ao uso de lentes de contato.
Os sinais observados pelo oftalmologista incluem: 1i4c
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- reflexo em “gota de óleo” quando realizada a oftalmoscopia direta;
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- reflexo irregular “em tesoura” à retinoscopia;
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- linhas de Vogt (estrias estromais, verticais, finas e profundas);
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- anel de Fleischer (depósitos epiteliais de ferro ao redor da base do cone);
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- espessura estromal reduzida;
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- sinal de Munson (abaulamento da pálpebra inferior quando paciente olha para baixo);
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- sinal de Rizutti (reflexo cônico visto precocemente na córnea nasal, quando se ilumina diretamente a córnea temporalmente).
Uma complicação possível é a hidropsia aguda, líquido que penetra nas camadas da córnea, provoca diminuição súbita da acuidade visual associada a desconforto e lacrimejamento. O tratamento do episódio agudo é feito com solução salina hipertônica e oclusão, ou lente de contato terapêutica. Com a cicatrização, que ocorre entre 6 e 10 semanas, pode haver melhora da acuidade visual devido ao aplanamento da córnea.
Nos casos mais brandos, o tratamento do ceratocone é inicialmente realizado por meio de óculos. Para astigmatismos maiores ou um pouco avançados, lentes de contato rígidas podem ser adaptadas com sucesso. Atualmente, alguns casos apresentam melhora com adaptação de lentes hidrofílicas próprias para ceratocone. O tratamento cirúrgico, com transplante penetrante de córnea, é indicado para os casos mais avançados ou com cicatrizes extensas que não melhoram com lentes de contato. Após a cirurgia geralmente é necessário o uso de lentes de contato para obtenção de melhor acuidade visual.
Lentes de Contato e Ceratocone 81j33
O uso de lentes de contato em pacientes com ceratocone é considerado quando os óculos não possibilitam boa visão.
Ao adaptar uma lente de contato no paciente o oftalmologista busca condições que possibilitem uma adaptação mais fisiológica, em que ocorra uma menor agressão à córnea com menor probabilidade de piora da evolução do ceratocone.
Há vários desenhos de lentes de contato que podem ser utilizados na correção óptica do ceratocone, dentre eles: lente de corte simples, monocurva externa, de desenho padrão; lente Soper, bicurva posterior; lente rígida gás-permeável com desenho escleral; sistema a cavaleiro (piggyback); lentes esféricas; lentes tóricas. Dependendo do estágio de evolução da doença deve-se avaliar qual o desenho mais apropriado.
Todo usuário de lentes de contato deve fazer uma avaliação periódica de sua adaptação (a cada 6 meses). As lentes devem ser limpas e desinfectadas a cada uso. Isso deve ser feito por meio de fricção e enxágue, com o uso de soluções apropriadas.
Autores: Dr. Nilo Holzchuh e Dra. Karin Ikeda