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RELIGIOSOS
Cristãos e política: uma relação que se faz cada vez mais necessária 3e176f
Nestes tempos, não é mais possível que o cristão fique indiferente ao debate e ao processo político, que se distancie da esfera pública, dos círculos de poder e influência relacionados com a atividade governamental, porque poderão advir sérias consequências que afetam a vida de toda sociedade. Os acontecimentos dos últimos meses têm levado os cristãos a refletirem seriamente sobre a relação entre igreja e Estado, fé e política. A Bíblia nos apresenta homens e mulheres públicos notáveis que mudaram significativamente a história de seu povo ao interferir de forma positiva nos rumos políticos do lugar onde se encontravam: José, Débora, Davi, Salomão, Josias, Daniel, Ester e Neemias. Multiplicam-se na história exemplos de cristãos que fizeram de sua atuação pública um verdadeiro sacerdócio, beneficiando grandemente os seus contemporâneos. Foi o caso do parlamentar William Wilberforce em sua luta contra o tráfico escravagista na Inglaterra do século 18. Foi o caso do primeiro-ministro Abraham Kuyper na Holanda do início do século 20. Foi também o caso do Pastor Martin Luther King em sua defesa dos direitos civis dos afro americanos. Neste período de transição governamental, em que a política ameaça dilacerar o mundo cristão (talvez mais do que a sociedade como um todo), alguns comportamentos da istração que se encerrou, alguns da istração que ora governa, alguns objetivos programáticos do partido no poder e alguns projetos de lei em debate no Congresso Nacional e nas Câmaras Municipais, têm produzido motivos justos de preocupação, tanto para os cristãos, como para a coletividade em geral. É necessário que haja a continuação e aprofundamento do debate sobre temas candentes, como o aborto, a homofobia, a ética na política, a identidade de gênero e as liberdades de consciência e de expressão, sem jamais esquecer-se da luta em prol da justiça social e da criação de uma sociedade mais fraterna. Os cristãos têm muito a dizer sobre essas questões porque se referem às convicções e valores mais profundos de sua fé. Todavia, somente serão ouvidos se participarem corajosamente das lutas de uma sociedade em transformação, agindo a partir das Câmaras Municipais e participando ativamente do processo político, correndo riscos sim, mas crendo no poder transformador do evangelho não só para os indivíduos, mas para as nações. Às vésperas das eleições, é muito oportuno lembrarmo-nos do testemunho do nosso Senhor. Que a nossa fé no invisível nos capacite a arregaçar as mangas para a transformação das mazelas visíveis. Que os nossos pés sejam ágeis na proclamação do evangelho da paz e que nossas mãos não se cansem de servir a cidade. E que a marca do cristianismo não seja a ividade, mas a esperança. “Porque, assim como a terra faz brotar a planta e o jardim faz germinar a semente, assim o Soberano, o Senhor, fará nascer a justiça e o louvor diante de todas as nações” (Is 61.11).
Pastor Johnson de Oliveira Marçal – Bispo da Igreja do Evangelho Quadrangular
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